sábado, 30 de janeiro de 2010

ARTE DE SER UM MUNDAMUNDISTA

por Eduardo Lino

“Os Mundamundistas foram tão importantes para o verão de 1996, quanto os Novos Baianos para o verão de 1969...”

Foi nos idos de 1994, que tambores ecoaram e surgiram em cena os Mundamundistas. Pelo menos na minha vida, até onde eu me lembro, foi neste ano que eu ouvi falar de uma banda nova e diferente, legitimamente baiana, que andava tocando de vez em quando, nos arredores de Salvador.
Acho que foi em 1995, a primeira vez que me deparei diante daquele show. “Meia-noite se improvisa”:
-Depois de outro banquinho, e outro violão, aplausos e de repente sobem no palco, “um grupo animado”...
Eram muitos, ocupando aquele imenso vazio, de repente cheio de energia. Guitarras pesadas, influências circenses, e uma liberdade... O espetáculo se estendeu, e o que deveria ser só uma música, pelo que lembro, foram várias...
Os shows também foram vários, em lugares tão alternativos quanto aquela banda baiana que parecia um arco-iris, cheia de cores, letras e o “Amor”, palavra chave nas canções também cheias de “La, La, La, lá”
Divertido, o show contagiava meio mundo de gente, que também de repente quebrava aquele gelo dos anos 80, e começavam a cantar os refrões e a dançar...
“Homem não chora”, mas e dançar, pode ?
No Teatro Vila Velha podia!!! E foi lá que aconteceu em Dezembro, Janeiro ou Fevereiro de 1996, o REVILAVOLTA. “ Tudo se cruza, tudo está entrelaçado, entrela...”
Outros trechos de canções como “ O Brilho do Ouro” ainda povoam as minhas lembranças, e me desafiaram naquela época de secundarista pré-universitá rio, tentando a compreensão poética, lógica e anárquica...
Dá saudade dos shows, das intervenções artísticas e principalmente da coragem daqueles que tomaram as rédeas dos microfones e soltaram palavras antigas e novas, misturaram inglês com baianês, por isso parei pra escrever sobre eles hoje...
Os Mundamundistas nunca acabaram...Eles evoluíram e assim como os Beatles, se transformaram. ..Se transformaram primeiro nos “Palhaços do Universo”, e outros nomes de bandas que não deram tão certo. Talvez eles tenham deixado de ser “criaturas” e hoje já sejam “criadores”...
Pais de Família, tiraram a pintura do rosto, largaram os instrumentos de lado e foram carregar os seus filhos...pois quem prega o “amor”, colhe o “Amor”...e hoje já não fazem mais shows, aliás, há muito tempo...
Para quem não sabe quem foram Os Mundamundistas, mando um link do youtube onde eles ainda continuam vivos:www.youtube. com/watch? v=P0z1Hr5e- -sSe tivesse que encontrar um sinônimo para Os Mundamundistas, hoje eu diria:-Camaleônicos !!!Não adianta se camuflar de pessoas normais, vocês são OS MUNDAMUNDISTAS !!!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

SOBRE O SHOW DOS MUNDAMUNDISTAS NA BOOMERANGUE 20JAN10

Por Isa Trigo, Salvador, Bahia

Gente, não foi um revival. Foi um Vival.
O detalhe como sempre são vocês, e o universo que vcs criam juntos. Queiram
ou não, verdadeiros palhaços do universo. Seres pirâmide, como reza o
desdobramento dos Mundamundistas. E o show foi tomo deveria ser. Afinal, as
canções não são só pro sucesso. Canções e energia conjugada curam o mundo e
as pessoas. Pessoas. Estrelas - dá Firmamento.
Parabéns, como sempre.
Os Mundamundistas foram tudo o que se esperava, e mais um pouco,
especialmente porque não tentaram imitar a si mesmos há 15 anos atrás. Ou
seja, ganhou consistência, calda e densidade.
Todos verdadeiramente belos em cena, com seus outros corpos, caras e danças,
e ao mesmo tempo com uma energia que não deixa o tempo desgastar as
criaturas. E ao mesmo tempo outros, pra melhor.

MUNDAMUNDISTAS DE VOLTA

Por Malu Crespo, Belém, Pará, Brasil.

Foi com muita surpresa que recebi um email com o convite para um show dos Mundamundistas em Salvador na próxima semana.

Imagine vocês que no auge do axé, as micaretas pipocando por todo canto, surgiu uma banda com uns malucos tocando uma música lúdica, vanguardista no meio do baticum de todos os Santos na Bahia de São Salvador.

O grupo era composto inicialmente(suponho) por amigos de infância que partilhavam do mesmo e simples desejo de fazer da música um instrumento pra melhorar o mundo. Lendo assim parece ingênuo e até um pouco cafona, mas a verdade é que esses parceiros de devaneio, não só concretizaram a fantasia, como se tornaram uma lenda musical Soteropolitana.

Lembro do primeiro show que vi deles. Muita gente no palco, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e performances brilhantes. Ficava clara a conexão e importância indispensável de cada componente. Os Mundamundistas não tinham um líder como ocorre em outras bandas, apenas irmãos compartilhando do mesmo objetivo de divertir e levar esperança e amor aos corações que os ouviam extasiados. Essa foi a minha sensação.

Eles conseguiam lotar os shows por onde tocavam. Grande parte do mérito deste sucesso vinha das letras inteligentes, desempenho marcante e música de qualidade. Mas vamos combinar que um dos pontos mais fortes eram os próprios Mundamundistas (risos). Uns seis, sete, oito ou mais caras (todo dia chegava mais um integrante), super fofos, com roupas descoladas , discurso de bons meninos, marotos, bons de bico, nada comportados e com uma pitada do tempero picante da Bahia. Era a combinação perfeita. Então basicamente os shows funcionavam assim. As meninas iam em peso pra ver os Mundamundistas e os meninos iam porque sabiam que no show deles ia chover mulher.KKK... Um Marketing perfeito. Isso tudo aliado ao som que era muito bom, acabou fazendo dos Mundamundistas uma espécie de Novos Baianos dos anos 90. Só que bem mais lindos, mais cheirosos e menos gays (Gargalhadas).

O sucesso só aumentava , os shows enchiam cada vez mais e junto com isso os cachês engordavam, certo rei? Errado! A cada espetáculo era incorporado a trupe novos componentes, sempre bem vindos e recebidos de braços abertos. Porém o que se dividiria por seis, começou a ser dividido por doze, treze e assim por diante. Mais uma marca dos Mundamundista. Melhor ter amigos na praça que dinheiro no caixa. Além dos “rostinhos bonitos” e boas apresentações , os Mundamundistas eram uma irmandade, onde o que se exercitava era a solidariedade, generosidade, amizade , amor e dignidade. Todos que tiveram de alguma forma ligada a eles, seja no grupo ou na platéia, tiveram seus corações e mentes modificadas de alguma forma. Fica aqui meu agradecimento por ter tido inúmeros momentos ao lado desses Don Quixotes Baianos e ter aprendido muito. Sem esquecer que eles foram a trilha sonora que embalou o meu reencontro com minha alma gêmea nesta vida.

O email que recebi classifica os Mundamundistas como Gigantes da Música Soteropolitana. Não querendo desmerecer e sim complementar, comparo os Mundamundistas ( plagiando os mesmos), com o Sol que brota da terra a cada dia e o amor renasce. Confesso que sempre cantei essa música como um mantra nas horas mais difíceis e ela sempre me foi acolhedora e confortante.

Fico triste de não poder estar de corpo presente neste retorno tão esperado por todos , mas fico aqui , do início de tudo , do meio da Selva Amazônica, mandando toda a energia das forças da natureza e torcendo para que “Deus Arme sua tenda” sobre vós. Sejam Bem Vindos Novamente.

Love, love, love...